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Ansiedade no fim do ano: quando a vida aperta o passo

A ansiedade é uma emoção humana fundamental, parte da nossa constituição biológica e também da nossa experiência simbólica no mundo. Ela nos prepara para agir, afina nossa atenção, mobiliza o corpo para responder ao que importa. É, em muitos sentidos, uma aliada. Mas, em alguns momentos, essa energia natural “perde o compasso” e se torna desconforto, inquietação, um volume interno difícil de regular. No fim do ano, essa sensação costuma se intensificar, e não é por acaso. É como a uva passa na salada, trazendo um gosto agridoce difícil de explicar.


ansiedade de fim de ano

Os últimos meses despejam sobre nós um acúmulo que é ao mesmo tempo emocional, econômico e relacional. As férias escolares alteram rotinas, exigem reorganização da casa e redistribuição do cuidado. A vida doméstica ganha outro ritmo, muitas vezes mais cheia, mais demandante. Somam-se a isso as contas típicas da época: impostos, presentes, viagens, materiais do ano seguinte, todo um conjunto de despesas que comprimem o orçamento. A cultura do consumo, bastante presente nesse período, adiciona uma camada de pressão silenciosa: a expectativa de construir um “fim de ano perfeito”, com mesa cheia, encontros harmoniosos e presentes que expressem afeto. Entre o ideal e a realidade, é comum surgirem culpa, cansaço e a sensação de não dar conta.


Há ainda um movimento subjetivo que pode se fazer presente nesse período: o balanço interno que fazemos ao nos aproximarmos do encerramento de um ciclo. Metas não concluídas, conflitos não resolvidos, perdas que o tempo não suavizou como esperávamos. Isso emerge com mais nitidez quando o calendário nos lembra que mais um ano se finaliza. A ansiedade, então, não é falha individual, mas expressão de um corpo-vivente inserido em um mundo que acelera exatamente quando nós estamos mais cansados.


Como cuidar de si (e porque não do outro) nesse período?

Cuidar-se envolve, antes de tudo, suavizar expectativas. Ninguém vive uma vida de propaganda de margarina, que sequer saudável é. Permitir-se um fim de ano possível, e não impecável, pode reduzir uma camada dessa ansiedade toda.


Agulhas de acupuntura

Pequenas reorganizações da rotina ajudam a diminuir o acúmulo como dividir tarefas, dizer alguns “nãos” necessários, proteger espaços de descanso. Cultivar pausas reais também faz diferença: caminhadas, alguns minutos de respiração consciente, rituais familiares simples que devolvem sentido ao cotidiano. Práticas como yoga e meditação oferecem ao sistema nervoso uma oportunidade de retorno ao eixo, uma espécie de lembrete corporal de que o ritmo interno não precisa ser o mesmo do mundo. E, para quem se beneficia, a acupuntura pode auxiliar na modulação da ansiedade, favorecendo relaxamento, melhora do sono e uma maior sensação de presença no próprio corpo.


Ah, registrar nossas emoções é também uma estratégia para não ser engolido pela ansiedade. Manter um diário, ou qualquer forma de registrar nossa rotina e emoções nos auxilia a estar sempre refletindo sobre elas, nos conhecendo e identificando os fatore que nos afligem. Reconhecer o que se sente é o primeiro passo. No mais, conversar com alguém de confiança ou buscar apoio profissional faz diferença.


Essas estratégias individuais são importantes, porém precisamos reconhecer que a ansiedade não nasce apenas dentro das pessoas, ela é também produzida pelos ambientes que habitamos. Cidades que oferecem espaços de convívio, áreas verdes, parques acessíveis e lugares seguros para caminhar criam condições concretas para reduzir o estresse cotidiano. Ambientes acolhedores estimulam encontros, fortalecem vínculos, diminuem o isolamento e contribuem para um senso de pertencimento que é, por si só, terapêutico. E os benefícios vão além da saúde: uma cidade que favorece o bem-estar também aquece o comércio local, aumenta a circulação de pessoas, fortalece a economia e torna o tecido social mais vivo. Investir em espaços públicos de qualidade é, portanto, uma política de saúde, mas também de desenvolvimento comunitário.


Eu cresci em uma cidade extremamente arborizada, no interior do Paraná, repleta de parques e praças, onde a presença do verde fazia parte da vida cotidiana. Quando vim pela primeira vez a Luís Eduardo Magalhães, a fim de conhecer a família da minha esposa, o contraste me chamou profundamente a atenção: uma cidade quase sem árvores, sem espaços de convívio e praticamente sem áreas para atividade física ao ar livre. Na segunda visita, porém, algo já havia mudado, as avenidas largas estavam tomadas por mudas recém-plantadas. Hoje, essas árvores já oferecem sombra em vias como a Av. JK. E, ao sair para caminhar no final da tarde, vejo as ruas ocupadas por pessoas das mais diversas idades e histórias, exercitando-se, conversando, habitando a cidade de outra forma. Para mim, que passei muitos anos trabalhando em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), esse movimento tem um significado especial: considero o investimento em espaços verdes tão importante quanto qualquer outra estratégia de promoção de saúde mental, porque transforma não apenas indivíduos, mas o ambiente que molda suas vidas.


No fim das contas, lidar com a ansiedade do final do ano é navegar entre o que podemos ajustar individualmente e o que precisamos construir coletivamente. Cuidamos do nosso corpo, das nossas emoções e do nosso tempo, tal qual cuidamos uns dos outros quando defendemos cidades mais humanas, mais verdes e mais comunitárias. Afinal, saúde não é apenas ausência de doença: é a possibilidade de viver em ambientes que nos permitem respirar melhor, mover melhor e encontrar sentido na convivência.


Corpo & Mente

Se essa lógica de ver e cuidar da saúde mental faz sentido para você, sou médico que ofereço um cuidado que integra mente & corpo, auxiliando pessoas que vivem com depressão e ansiedade a recuperar a qualidade de vida por meio de um cuidado que integra escuta, ciência e acolhimento. Além das abordagens medicamentosas e psicodinâmicas, posso te oferecer ferramentas como acupuntura e neuromodulação. Para o tratamento de ansiedade em Luis Eduardo Magalhães (BA), agende sua consulta.


Dr. Paulo Henrique Mai

Médico de Família e Acupunturista

Mestre em Ciências da Saúde

CRM/BA 49.425 - RQE 28.147 / 28.148

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Dr. Paulo Henrique Mai

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Luis Eduardo Magalhães (BA) 

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