Bom dia!
Quem já passou por consulta comigo sabe que sou um daqueles médicos que pede pouco exames e evita ao máximo a prescrição de medicamentos, principalmente aqueles que tem se mostrado indiferentes ou ineficazes. O papo da nossa conversa de hoje serão as vitaminas.
Quando a gente entra em qualquer farmácia, lá estão elas, a vista de todo. São dos mais variados tipos: polivitamínicos, vitaminas pras crianças, vitaminas sênior, vitaminas para fortalecer unha e pele, vitamina quelada, vitamina pra quem fez bariátrica, vitamina pra inteligência, vitamina pra emagrecer, vitamina pra quem é vegetariano, vitaminas de todos os tipos (e preços).
Quando a gente vê a estante com tanta variedade, logo vem a pergunta:
"será que alguma dessas vitaminas é pra mim?"
Como tudo, a resposta é depende.
Pra entender melhor essa resposta, temos quem lembrar qual é a função da vitaminas no nosso organismo. Vitaminas são compostos que o corpo necessita em pequenas quantidades, que são indispensáveis para o funcionamento do nosso corpo. Elas auxiliam, principalmente, o sistema imunológicos, o metabolismo e promovem o crescimento.
O grande pulo do gato pra entender essa questão é lembrar que nosso corpo não necessita de toneladas de vitaminas, mas que uma pequena quantidade delas já é suficiente para suprir toda a demanda.
Naturalmente os nutrientes que a gente absorve vêm da nossa alimentação, e com as vitaminas não é diferente. Os alimentos ricos em vitaminas são principalmente os de origem vegetal e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes e grãos.
A falta de algumas vitaminas pode causar doenças graves e, para prevenir isso, ao longo das décadas passadas o governo criou mecanismos como obrigar que a farinha de trigo no Brasil seja enriquecida com ácido fólico (um tipo de vitamina), assim como disponibilizar pelo Sistema Único de Saúde para as crianças na primeira infância vitamina A e vitamina D, que auxiliam no desenvolvimento da visão e constituição dos ossos. E funcionou, tanto que hoje em dia não se escuta mais falar sobre doenças graves por falta de vitaminas como o raquitismo.
Em 2020 o setor farmacêutico faturou R$ 76,9 bilhões no Brasil só com a venda de polivitamínicos, conforme dados da consultoria IQVIA. Não encontrei informações confiáveis relativas aos anos de 2021 e 2022, mas com os montantes apresentados já é possível imaginar a dimensão do mercado de venda de vitaminas vigente hoje no país. Vou deixar disponível também o link para uma reportagem sobre comissão de laboratórios para que sejam vendidos polivitamínicos.
Durante a pandemia se escutou muito que vitaminas são importantes para combater o COVID-19. Essa informação está correta, mas o que não contaram sobre isso é que a quantidade de vitaminas que a gente tira dos alimentos já é suficiente. Não é necessário suplementar.
São poucas as indicações em que a suplementação de vitamina realmente traz benefício para a saúde. E, pensando bem, se realmente há indicação para suplementar, então provavelmente há também indicação para repensarmos nossos hábitos e estilos de vida.
Uma alimentação saudável e diversificada é o primeiro passo para manter todas as nossas vitaminas em dia, mais dicas sobre uma boa alimentação no post Caminhos para uma alimentação saudável.
Paulo Henrique Mai
Médico de Família
CRM/PR 38.165 - RQE 27.486
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